Meio Ambiente

IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ATENDENDO AOS
REQUISITOS DA ISO 14001

Augusto L. T. Fagioli
Gerente da Qualidade da Scania Latin América

A Scania é um dos líderes mundiais na fabricação de caminhões e ônibus. É a quarta maior marca do mercado internacional de caminhões pesados e a terceira maior da Europa.

Está representada em aproximadamente cem países, através de 1.000 pontos de distribuição e 1.500 oficinas de assistência técnica. As instalações de produção estão distribuídas por oito países na Europa e América Latina.

A América Latina é um mercado estratégico para a Scania. Em 1957 a Scania instalou-se no Brasil, em São Bernardo do Campo, onde são fabricados caminhões, chassis para ônibus e motores industriais e marítimos.

Desde o final de 1995 a empresa se engajou no maior sistema de produção de sua história. Hoje possui um processo de produção global, utilizando os mesmos componentes, especificações de produto e padrões mundiais de qualidade e meio ambiente. Seus produtos são fabricados de forma padronizada e os clientes podem adquirir veículos com a mesma qualidade e performance ambiental em todos os mercados.

Muitas empresas fazem "marketing ecológico" em cima da questão ambiental e com isso desviam a atenção do público dos seus impactos. Essa não tem sido a linha de atuação da Scania. A empresa reconhece que a sociedade se desenvolveu muito rapidamente e o transporte desempenhou um papel muito importante nesse processo. Hoje a sociedade não vive sem o transporte, contudo, o seu uso e produção afetam o meio ambiente de várias formas. Por essa razão, a maior contribuição que ela pode dar ao meio ambiente é melhorar a qualidade do produto em si, e por isso procura tratar o meio ambiente na fonte.

A Scania tem como missão:

Durante toda a sua história a Scania tem trabalhado continuamente em pesquisa e desenvolvimento dos produtos. O produto deverá ser mais leve, conter menos materiais perigosos, consumir menos combustível e emitir menos substâncias tóxicas. E quanto menos combustível seus veículos consumirem para transportar mercadorias e pessoas melhor para as cidades e para a natureza.

Nos últimos 20 anos a quantidade de combustível necessária para a realização de uma determinada operação de transporte foi reduzida de 300 para 100 litros. As emissões de Nox caíram 90% no mesmo período.

O ruído de um caminhão há 20 anos corresponde atualmente ao de 15 novos.

Apesar da empresa ter um produto de qualidade global, as condições de fabricação do mesmo estariam sujeitas a variações em cada país.

Com o objetivo de padronizar a performance ambiental do grupo, a matriz da empresa estabeleceu em 1996 um objetivo corporativo de ter todas as unidades do grupo certificadas de acordo com a ISO 14001. A partir de então outros objetivos corporativos seriam traçados, e cada fábrica deveria reportar seus resultados, ao final de cada ano.

A partir dessa decisão, foram criadas coordenações nas fábricas da Scania Latin América, composta por unidades no Brasil, Argentina e México, sendo que cabia ao Brasil a coordenação geral dos trabalhos.

A Alta Administração deve definir a política ambiental da organização e assegurar que ela ... seja apropriada à natureza, escala e impactos de suas atividades ... inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da poluição ... com o atendimento a legislação ... forneça estrutura para estabelecimento e revisão dos objetivos e metas ... seja documentada ... esteja disponível ao público.

Num Sistema de Gestão Ambiental, a política é muito mais que um quadro na parede. Nela a empresa evidencia suas reais intenções com o meio ambiente. A intervalos regulares ela deve ser analisada criticamente, e traduzida em ações concretas.

Todos os funcionários da empresa devem não só conhecer a política, mas entender qual o seu papel em relação à mesma.

Muito antes da existência da ISO 14001 a Scania já possuía uma política estabelecida e divulgada. Em 1998 a mesma passou por uma revisão, de forma a torná-la mais enxuta e mais adequada aos requisitos normativos, e hoje possui o seguinte texto:

3. DIAGNÓSTICO INICIAL

A organização deve estabelecer e manter procedimento para identificar e ter acesso à legislação e outros requisitos por ela subscritos, aplicáveis aos aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços.

Essa foi uma etapa importante e trabalhosa. Apesar da empresa possuir um departamento jurídico, coube ao próprio pessoal da coordenação do projeto levantar a legislação ambiental, e verificar a aplicabilidade das mesmas aos processos da empresa.

Esse trabalho resultou num cadastro de legislação aplicável, com algumas legislações que deveriam ser monitoradas continuamente.

Adotou-se como critério que qualquer eventual aspecto ambiental que estivesse relacionado a um requisito legal, seria por definição um aspecto significativo.

A organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que possam por ela ser controlados e sobre os quais presume-se que ela tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham ou possam ter impacto significativo sobre o meio ambiente.

O levantamento dos aspectos ambientais constitui-se na tarefa mais importante da implementação de um SGA. Nele a empresa verifica todos os elementos de sua atividade que podem interagir com o meio ambiente.

A norma recomenda que esse processo considere emissões atmosféricas, lançamentos em corpos d’água, gerenciamento de resíduos, contaminação do solo, uso de matérias primas e recursos naturais e outras questões locais relativas ao meio ambiente e à comunidade.

Algumas semanas foram necessárias para que a coordenação do projeto, desenvolvesse uma metodologia de trabalho. Foram criadas duas planilhas – a planilha "A" para levantamento dos aspectos ambientais e a "B" para definição da significância dos mesmos.

De posse dessas planilhas e devidamente treinados no procedimento criado, os 50 facilitadores de meio ambiente da empresa avaliaram cada posto de trabalho, buscando as possíveis interações com água, ar e solo.

Esse foi um trabalho exaustivo, e constituiu-se na primeira grande atividade de conscientização da empresa, já que as pessoas que até então estavam mais preocupadas em produzir, passaram a analisar "como" estavam produzindo, tendo em vista o meio ambiente. Esse grande "brainstorning" resultou na geração de uma grande quantidade de papéis, que foi analisada pela coordenação ambiental para definição de significância. Os aspectos foram considerados significativos em função de:

A partir desta análise, foi criada uma relação dos aspetos significativos, Considerando a que a empresa é montadora de veículos, a maioria dos aspectos está relacionada a resíduos.

Obter a certificação de acordo com a ISO 14001 não implica em a empresa ter necessariamente "excelência ambiental"- pelo menos não num primeiro momento. A norma está calcada na melhoria contínua. Isso dá à empresa o direito de priorizar o tratamento de seus aspectos significativos e tratá-los no decorrer do tempo.

No caso da Scania decidiu-se que os aspectos seriam gerenciados da seguinte maneira:

Para assegurar um adequado gerenciamento dos resíduos, foi implantado um programa de separação seletiva e criada uma central de resíduos. Cada um deles é encaminhado a fornecedores específicos, com autorização do órgão ambiental para processamento e/ou destinação final. Além disso, esses fornecedores estão sendo auditados pela área ambiental da Scania.

O status de geração/destinação de resíduos é acompanhado mensalmente através de relatórios gerados.

A organização deve estabelecer e manter objetivos e metas ambientais documentados, em cada nível e função pertinente da organização.

... Os objetivos e metas devem ser compatíveis com a política ambiental, incluindo o comprometimento com a prevenção de poluição.

Visando padronizar a performance da empresa a nível mundial, e assegurar o processo de melhoria contínua, anualmente a matriz, através do seu "Environmental Board" define os objetivos e metas ambientais para o ano. Os objetivos são aplicáveis a todas as unidades, sendo que as metas podem ser ajustadas, conforme as condições de cada país.

Ao final de cada ano, a coordenação de cada fábrica informa a matriz seu status de atendimento aos objetivos, que é publicado no relatório Ambiental corporativo. Esse relatório é posteriormente distribuído a todos os funcionários do grupo, clientes e fornecedores e outras partes interessadas.

Aos objetivos corporativos, cada fábrica pode estar agregando seus objetivos locais, decorrentes do levantamento de aspectos e impactos. A nível local, o atendimento a esses objetivos é acompanhado semestralmente pela alta administração.

Ao estabelecer seus objetivos, a Scania busca a otimização do seu processo produtivo através do uso racional de energia, menor geração de resíduos líquidos, sólidos e do uso de substâncias não agressivas e estabelece metas vinculadas ao nível de produção (P.U. = Unidades Produzidas).

KPI’s (Key Performance Indicators) são estabelecidos, acompanhados mensalmente e reportados em reunião de análise crítica da alta administração

Para o ano de 1999, os objetivos estabelecidos foram os seguintes:

1. GERAL

O PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL

4.A organização deve estabelecer e manter programa(s) para atingir seus objetivos e metas, devendo incluir

Para assegurar que os objetivos estabelecidos sejam cumpridos, responsabilidade, prazos e ações foram definidas. Foi criado um formulário (PGA), que deveria ser atualizado mensalmente.

No caso da Scania do Brasil, que possui em sua planta de São Bernardo do Campo quatro workshops (Motores, Eixos, Cabinas e Chassis), foi definido um "gestor" por área, além de outros gestores em áreas administrativas nas quais havia um objetivo relacionado.

O Programa de Gestão Ambiental é o instrumento através do qual a certificadora avalia periodicamente se a empresa está cumprindo seu compromisso de melhorar continuamente sua relação com o meio ambiente.

Desde o início da implementação do projeto, a Scania do Brasil optou por ter um sistema enxuto e objetivo, com o mínimo de burocracia.

Ainda assim, alguns documentos tiverem que ser criados, atendendo ao prescrito pela ISO 14001:

Todos esses documentos são emitidos e controlados pela área responsável pela manutenção do sistema, e obedecem a uma padronização quanto a formato etc.

A organização deve identificar as necessidades de treinamento. Ela deve determinar que todo o pessoal cujas tarefas possam criar um impacto significativo sobre o meio ambiente receba treinamento apropriado.

O pessoal que executa tarefas que possam causar impactos ambientais significativos deve ser competente com base em educação, treinamento e/ou experiências apropriados.

O grupo de implantação do SGA sempre entendeu que esse sistema, diferentemente do Sistema de Gestão da Qualidade, está diretamente ligado aos sentimentos das pessoas.

O meio ambiente não é gerenciado através apenas de papéis, de documentos. De nada os mesmo adiantarão se as pessoas não forem sensibilizadas para o fato de que todos são parte do meio ambiente, e que da preservação do mesmo depende a sobrevivência das futuras gerações.

Com base nisso, desde as etapas iniciais do projeto, a coordenação optou por fazer um extensivo trabalho de comunicação na empresa. Foi criado na empresa um mascote, o "Quero-Vida", que ficou incumbido de transmitir as mensagens ambientais aos funcionários. Anda hoje, esse quero-quero estilizado, continua sendo veiculado nos meios de comunicação interna da empresa.

Apesar de não ser requisito normativo, a empresa optou também por fazer um programa de sensibilização ambiental. O tema central era a interação da indústria de transporte com o meio ambiente. Considerando o grande número de funcionários da empresa e de contratados fixos (cerca de 3.300), a empresa decidiu contratar uma empresa de consultoria para colaborar na implementação da atividade.

Durante alguns meses, três instrutores ministraram um treinamento de três horas na empresa , durante o qual os funcionários assistiam a um filme (Scania e o Meio Ambiente – Um desafio para o Futuro), e utilizavam uma cartilha onde eram apresentados os principais efeitos globais (chuva ácida, efeito estufa, depleção da camada de ozônio etc).

A sensibilização ambiental, entretanto, não elimina a necessidade da realização do treinamento operacional prescrito pela norma. Cada funcionário envolvido com aspectos ambientais significativos passa por um treinamento, que é registrado em lista de presença.

A responsabilidade pela realização e atualização periódica do treinamento é da chefia.

Com relação aos seus aspectos ambientais e sistema de gestão ambiental, a organização deve estabelecer e manter procedimentos para:

a) Comunicação interna entre vários níveis e funções da organização;
b) Recebimento, documentação e resposta a comunicações pertinentes das partes interessadas externas.

A comunicação é um fator de extrema importância para o sucesso de qualquer projeto. Quando se trata de manter as pessoas conscientizadas e sensibilizadas para uma determinada questão, a importância é ainda maior.

O Cliente é, sem dúvida, uma parte interessada muito importante no SGA. Para orientá-lo em relação a como utilizar o produto de forma a minimizar o impacto no meio ambiente, foi desenvolvido um manual, que hoje faz parte da documentação técnica do mesmo.

Trimestralmente, é realizado na empresa um treinamento para motoristas intitulado "Master Driver". E a gestão ambiental é um dos temas discutidos. Com base nisso, posteriormente, os participantes multiplicam esse treinamento nas concessionárias.

Desde a certificação, a empresa tem constantemente recebido a visita de fornecedores, clientes, estudantes e outras empresas interessadas em conhecer sua experiência em relação a implementação do SGA.

Para exercer a comunicação de questões ambientais com os colaboradores, a Scania realiza treinamento operacionais, utiliza seus meios de comunicação interna (revistas) além de anualmente realizar a semana do Meio Ambiente. Através de peças teatrais e atividades lúdicas são transmitidos conceitos importantes de preservação.

Em setembro de 1997. Após quinze meses de intenso trabalho a Scania Latin América obteve sua certificação.

O evento foi precedido por uma auditoria de pré-certificação e uma auditoria final, da qual participaram vários colaboradores da empresa.

Muitos visitantes têm perguntado à empresa se ocorreram dificuldades em relação a conscientização das pessoas, principalmente as de menor escolaridade. A experiência da Scania demonstra que ocorreu justamente o contrário. A administração da empresa sempre esteve engajada, principalmente porque o objetivo foi definido pelo presidente do grupo. Mas foi o pessoal operacional, de chão de fábrica, que sempre saiu na frente com os melhores exemplos.

Como já mencionado, a empresa criou uma Central de resíduos, onde são recebidos os coletores vindos de diversas partes da empresa. Durante um bom tempo o pessoal da limpeza ainda tinha que fazer uma separação final e até mesmo retornar os coletores para as áreas geradoras, quando havia muita mistura. Algumas vezes a chefia dessas áreas era chamada para analisar e tratar o problema. Hoje isso ocorre com uma freqüência muito menor, graças ao trabalho "de formiga" desse pessoal.

Durante a própria certificação, um faxineiro foi questionado sobre o seu entendimento em relação a expressão "Desenvolvimento Sustentável", que fazia parte do texto da política em vigor na época. "Para mim, desenvolvimento sustentável é isso que a Scania está fazendo: procurando cuidar do meio ambiente hoje para que amanhã a minha filha de dois anos ainda tenha ar para respirar, uma árvore para brincar etc. Eu sei que desligando os equipamentos de trabalho quando não estão em uso, economizando os produtos de limpeza e jogando o lixo no lugar certo estou fazendo pouco, mas fico contente em poder dar a minha colaboração".

Para o pessoal da coordenação ambiental, respostas desse tipo compensam todos os sábados, domingos e feriados dedicados ao projeto.

É uma tendência natural que haja uma euforia por ocasião de uma certificação. O que é realmente difícil é manter o nível de interesse e comprometimento das pessoas e não deixar que o certificado se torne apenas um quadro na parede.

A empresa decidiu que para monitorar a melhoria contínua do sistema seria necessário definir indicadores de desempenho, que seriam atualizados, monitorados e comunicados aos funcionários, como forma de feed-back. Decidiu também que esses indicadores deveria, estar relacionados ao nível de produção da empresa.

Entre os indicadores estabelecidos estão:

Esses indicadores de desempenho foram originados a partir dos objetivos ambientais, e existem metas de redução para cada um deles.

A ISO 14001 prescreve alguns mecanismos para verificação da eficácia do sistema, tais como:

A organização deve estabelecer e manter programas e procedimentos para auditorias periódicas do SGA, de forma a determinar se o sistema está em conformidade com as disposições planejadas para a gestão ambiental ... foi devidamente implementado e tem sido mantido.

A Scania realiza pelos menos quatro auditorias internas ao ano e duas de monitoramento pela certificadora. Durante as mesma se verifica o nível de conscientização das pessoas, o cumprimento aos procedimentos estabelecidos etc. A partir das constatações são desencadeadas ações corretivas e preventivas.

ACOMPANHAMENTO PELA ALTA ADMINISTRAÇÃO

A alta administração da organização, em intervalos por ela pré-determinados, deve analisar criticamente o SGA, para assegurar sua conveniência, adequação e eficácia contínuas.

Duas vezes ao ano o representante da administração e a diretoria se reúnem para analisar a situação de não-conformidades, a nível de atendimento aos objetivos e metas estabelecidas, as principais demandas do público interno e externo etc.

As auditorias e a análise crítica são ferramentas bastante importantes para assegurar o processo de melhoria.

Se havia a princípio alguma pessoa cética em relação a importância da gestão ambiental, hoje ela tem razões de sobra para perceber que estava errada. Em relação a estrutura nesses últimos dois anos ocorreram as seguintes mudanças:

Outras mudanças:

Desde a implantação do sistema já foram contabilizados ganhos
de mais de R$ 1.000.000,00, contra os R$ 180.000,00 investidos.

AÇÕES TOMADAS E RESULTADOS OBTIDOS

Introdução de novos processos de pintura para motores e componentes do chassis dos veículos
Menor consumo de tintas e solventes – redução em torno de 50% na pintura de motores – e eliminação total desses produtos químicos nos componentes dos chassis, que passaram a ser pintados a pó. Além da menor geração de resíduos e menor consumo de água e energia, essas ações resultaram numa economia de aproximadamente R$ 100.000,00.

DURANTE O ANO DE 1999

Programa para redução de consumo de recursos naturais, geração de resíduos e emissões. Resultados:

% - Porcentagem de redução por veículo produzido.

PRINCIPAIS AÇÕES

Racionalização das atividades do Serviço de Alimentação, resultando em menor consumo de energia, água e gás natural.
Desligamento de compressores nas áreas fabris nos finais de semanas.
Ronda da Segurança no período noturno para desligamento da iluminação.
Substituição de equipamentos de iluminação por outros mais eficientes.
Monitoramento de equipamentos de maior consumo de eletricidade nas fábricas de Motores e Eixos.
Aquisição de equipamentos automáticos para testes de motores, que permitiram uma redução do tempo de amaciamento do motor com conseqüente redução de consumo de óleo diesel e de emissões.
Reaproveitamento da água do desumidificador da Cabine de Pintura (Cabinas 2).
Eliminação de retrolavagem dos filtros Jacuzzi na entrada da água da SABESP.
Eliminação de pontos de vazamento de água em redes subterrâneas.
Automatização de manobras da caixa d’água nº 1 para o tanque subterrâneo.
Instalação de torneiras com vazão controlada.
Aquisição de equipamento na Fábrica de Motores para filtragem de óleos emilsificados (resultando menor consumo de água, óleo mineral e menor geração de resíduos contaminados).
Alteração na sistemática de pintura da parte interna das cabinas do veículo (pintadas apenas as partes visíveis).
Instalação de um número maior de equipamentos de pintura, eliminando a necessidade de troca de cores e com conseqüente menor utilização de solventes.
Eliminação da necessidade de limpeza das cabines de pinturas, através do uso de plástico vita-filme e conseqüente redução no consumo de solventes.
Melhor separação de resíduos com redução de envio para aterros e aumento do índice de reciclagem.

Durante 1999, o gás Halon do sistema de combate à incêndios do CPD foi substituído por um gás inerte e o Halon enviado a empresa para reciclagem.

Trabalho em desenvolvimento para utilização de bebedouros sem CFC no seu sistema de refrigeração em toda a fábrica, devendo ser concluído no ano corrente.

Implementação de sistema de coleta programada – Milk Run – em fornecedores reduzindo o nº de veículos envolvidos na atividade de transporte.
Diagnóstico energético desenvolvido pelo Procel – Eletrobras em uma das unidades de produção.
Definição de parâmetros para emissão de VOC’s na pintura de carrocerias em conjunto com as demais indústrias automobilísticas do Estado de São Paulo.
Trabalho com fornecedores, visando a implementação de Sistemas de Gestão Ambiental. Os mesmos foram informados através de comunicação formal de que deverão estar certificados até o final de 2000.
Como forma de viabilizar a implantação do sistema, a Scania propôs aos fornecedores um programa através do qual tanto a consultoria como a certificação teriam seus custos reduzidos.

IV – SATISFAÇÃO DE COLABORADORES COM A FORMA COMO A
EMPRESA TRATA QUESTÕES AMBIENTAIS

Com certeza, melhorar continuamente o nosso desempenho ambiental é uma meta constante dentro da gestão da empresa.

Os Objetivos e Metas Ambientais para o corrente ano demonstram isso.

Porém, a nossa ambição é um pouco maior: pretendemos desenvolver e implementar, num futuro próximo, um sistema de gestão integrado, abrangendo toda a gestão da empresa, o que deverá propiciar condições ainda melhores para a contínua melhoria do nosso desempenho ambiental.

As reflexões e objetivos traçados pela nossa Diretoria Industrial, que consolidadas na matéria abaixo, é a melhor forma que consideramos para definir essa ambição maior:

SISTEMAS DE GESTÃO

A certificação do Sistema da Qualidade baseado na ISO 9002, que obtivemos em 1996, veio complementar o trabalho iniciado algum tempo antes: o chamado Scania anos 90.

O Sistema da Qualidade então implantado, trouxe à empresa o benefício de padronizar atividades, permitir que através dele tivéssemos acesso ao FINAME – para financiamento dos veículos, e que pudéssemos participar em concorrências diversas e também que nos adequássemos à chamada "febre da qualidade", muito comum naquela época.

Este sistema passou por várias adaptações, principalmente depois das dificuldades iniciais, evidenciadas pelas primeiras auditorias da ABS, e um grande esforço foi dispendido no sentido de promover as correções necessárias. Hoje, passados um pouco mais de 3 anos, estas mesmas auditorias demonstram uma grande melhoria, com um número insignificante de desvios.

Em 1996, com a decisão corporativa de buscarmos a certificação em Sistema de Gestão, baseado na ISO 14001, nossa empresa reconhecia que era preciso fazer mais, buscar a melhoria contínua, um novo patamar de qualidade.

A implementação desse novo sistema foi desenvolvida dentro de uma nova ótica, mais moderna, mais voltada para resultados.

No Sistema de Gestão Ambiental, se consegue facilmente mensurar a sua eficácia, já que basta comparar os objetivos propostos com os resultados alcançados. Por ter sido criado de uma forma bem mais enxuta, pela possibilidade de evidenciar melhoria e pela transparência com que foi apresentado, possui hoje, passados 2 anos após a certificação, muita credibilidade junto aos nossos colaboradores sendo modelo de benchmarking no mercado.

Recentemente foi disponibilizada a versão draft da nova norma ISO 9001 – 2000, com modificações significativas e extremamente adaptada a gestão de negócios de uma empresa moderna, ou seja: foco no cliente, necessidade de demonstrar melhoria contínua e gestão por processos.

Seguindo uma tendência mundial, além da adequação à nova norma da qualidade, atualmente observa-se também a necessidade da implementação de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, baseado na norma inglesa BS 8800.

Na nossa visão, a implementação de um sistema de gestão de Segurança e Saúde Ocupacional trará benefícios à empresa visto que, através dele, haverá uma maior certeza quanto ao nível de atendimento à legislação aplicável, uma melhor identificação dos riscos existentes, o que não só melhorará ainda mais as condições de trabalho dos nossos colaboradores, bem como ajudará a garantir a continuidade operacional de nossas atividades.

É sabido por todos que cada vez mais a sociedade se preocupa não só com a qualidade intrínseca dos produtos, mas com o impacto que os mesmos geram no meio ambiente e também com as condições de trabalho sob as quais os mesmos foram produzidos.

O programa "Scania Anos 90" revolucionou a empresa em termos de melhorias, mas considerando as atuais dificuldades de mercado, sabemos que temos que fazer ainda mais no sentido de preparar a empresa para as futuras demandas. Entendemos que essa é a filosofia do P2000 – produção 2000 e que com certeza todos os sistemas se completam e objetivam levar a empresa à excelência.

A implementação de um "Sistema de Gestão Integrado", dentro do qual estarão os requisitos da ISO 9001/2000, ISO 14001, BS 8800 e P2000 e que também permita a incorporação de futuras normas, como a de Responsabilidade Social e Recursos Humanos, com certeza trará inúmeros benefícios, tais como:

É nossa intenção implementar estes sistemas, que estamos chamando de "Sistema Integrado de Gestão", na Unidade Industrial de São Bernardo do Campo, e também, num futuro próximo, buscar a obtenção de prêmios de excelência reconhecidos no mercado brasileiro como o PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade, equivalente ao americano Malcolm Baldrige, o que agregaria valor à nossa marca.

O ano 2000 promete ser um ano de muitos desafios e de muito trabalho e dedicação para que os objetivos propostos acima possam ser alcançados. Na verdade trabalhamos no sentido de "criar um clima", uma certa expectativa nas pessoas em relação às mudanças que estão por vir.

Pretendemos, no final do próximo ano, ter nosso "Sistema Integrado de Gestão", avaliado por um órgão certificador e poder estar reportando a todos nossos resultados positivos.

Esperamos estar com isso, perfeitamente sintonizados com os objetivos globais da Scania.

Texto publicado na revista mensal "Acontece" de março de 2000.